O Leitor tenta levar o espectador ao choro através de uma estratégia já utilizada por Cinema Paradiso. No primeiro, as lembranças são reavivadas com fitas que contém histórias lidas no passado, no último, passagens de filmes censurados são reunidos e dão movimento a fatos e imagens presentes no imaginário do personagem principal. Bom, é verdade que ambas as passagens tiveram, em mim, o efeito pretendido pelo roteirista e diretor dos filmes. No entanto, o impacto sentido em O Leitor já não foi o de surpresa, nem de embasbacamento, visto que em Cinema Paradiso víamos uma ode ao Cinema, ao que em mim tocou mais profundamente.
O tema “memória” é algo recorrente na cinematografia, e é a esse mote que O Leitor se agarra. Tratando a vida como repleta de acasos e encontros casuais, o roteirista David Hare, o mesmo de As Horas, monta um quebra-cabeças inicialmente amoroso e por fim trágico. Ao passar mal, Michael (David Kross) conhece Hanna Schmitz (Kate Winslet), uma mulher que com o passar do tempo, superficialmente, aparenta não possuir sentimentos, a não ser, quando é inserida no mundo da literatura. Ela possui uma “estranha” paixão pelas histórias, e descobre em Michael a oportunidade de vivenciar aquilo que nunca poderia fazer sozinha. Em contrapartida, o jovem Michael beirava os 15/16 anos, estava com os hormônios em alta, então o incentivo encontrado por Hanna foi iniciar o garoto no sexo. A cada nova leitura, o rapaz tinha “direito” a uma nova transa. Enfim, grande parte do filme concentra-se nesse momento. No entanto, o “casal” se separa da mesma forma como se formou, abruptamente. Anos mais tarde, se encontram, só que de uma maneira não muito agradável.
Kate Winslet demonstra toda a sua técnica ao construir uma personagem claramente marcada pelo “moinho da vida”. Uma mulher que visivelmente sofreu e sofre com a vida. Incisiva, enfática, dura, tão complexa e multifacetada que um garoto de 15 anos não seria capaz de entender, e muito menos ajudar. Contudo, ficam duas questões: Kate Winslet ao interpretar Hanna beirando seus 60/70 anos, é uma senhora ou apenas uma senhora com maquiagem, com jeitão de 30 anos? E a segunda que já não tem a ver com a interpretação dela: Será que ela é a personagem principal do longa? O Oscar de melhor atriz foi justo? Não lhe caberia um Oscar de atriz coadjuvante? Mas apesar disso, sem dúvidas é um prazer vê-la em cena.
Sobre o filme vários temas são abordados, mas será que eles são tratados apropriadamente? A primeira parte eu acho que sim, a relação e os encontros amorosos dos dois são perfeitos, percebe-se uma sinergia positiva nas atuações. Entretanto, na outra metade do filme, há um problema ao se tratar uma questão tão complexa como dos crimes nazistas de forma tão abrupta e como gancho para realizar o link entre o passado e o futuro dos personagens. A sorte é que nas cenas vemos uma atriz gabaritada, caso contrário, o longa estaria fadado ao fracasso. Pela Kate Winslet vale a indicação da película!
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O tema “memória” é algo recorrente na cinematografia, e é a esse mote que O Leitor se agarra. Tratando a vida como repleta de acasos e encontros casuais, o roteirista David Hare, o mesmo de As Horas, monta um quebra-cabeças inicialmente amoroso e por fim trágico. Ao passar mal, Michael (David Kross) conhece Hanna Schmitz (Kate Winslet), uma mulher que com o passar do tempo, superficialmente, aparenta não possuir sentimentos, a não ser, quando é inserida no mundo da literatura. Ela possui uma “estranha” paixão pelas histórias, e descobre em Michael a oportunidade de vivenciar aquilo que nunca poderia fazer sozinha. Em contrapartida, o jovem Michael beirava os 15/16 anos, estava com os hormônios em alta, então o incentivo encontrado por Hanna foi iniciar o garoto no sexo. A cada nova leitura, o rapaz tinha “direito” a uma nova transa. Enfim, grande parte do filme concentra-se nesse momento. No entanto, o “casal” se separa da mesma forma como se formou, abruptamente. Anos mais tarde, se encontram, só que de uma maneira não muito agradável.
Kate Winslet demonstra toda a sua técnica ao construir uma personagem claramente marcada pelo “moinho da vida”. Uma mulher que visivelmente sofreu e sofre com a vida. Incisiva, enfática, dura, tão complexa e multifacetada que um garoto de 15 anos não seria capaz de entender, e muito menos ajudar. Contudo, ficam duas questões: Kate Winslet ao interpretar Hanna beirando seus 60/70 anos, é uma senhora ou apenas uma senhora com maquiagem, com jeitão de 30 anos? E a segunda que já não tem a ver com a interpretação dela: Será que ela é a personagem principal do longa? O Oscar de melhor atriz foi justo? Não lhe caberia um Oscar de atriz coadjuvante? Mas apesar disso, sem dúvidas é um prazer vê-la em cena.
Sobre o filme vários temas são abordados, mas será que eles são tratados apropriadamente? A primeira parte eu acho que sim, a relação e os encontros amorosos dos dois são perfeitos, percebe-se uma sinergia positiva nas atuações. Entretanto, na outra metade do filme, há um problema ao se tratar uma questão tão complexa como dos crimes nazistas de forma tão abrupta e como gancho para realizar o link entre o passado e o futuro dos personagens. A sorte é que nas cenas vemos uma atriz gabaritada, caso contrário, o longa estaria fadado ao fracasso. Pela Kate Winslet vale a indicação da película!
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The Reader (O Leitor), Alemanha/Estados Unidos - 2008. Dirigido por Stephen Daldry. Com: Kate Winslet, Ralph Fiennes, David Kros. 124 minutos. Gênero: Drama, Romance.
Nota: 8.5