sábado, 7 de novembro de 2009

O outro lado de Hollywood (1995)

Por esse dias estreou nos cinemas brasileiros o filme, Caçadores de Vampiras Lésbicas (2009), não o vi, mas o título do longa fez-me lembrar o argumento de um documentário que tinha assistido. O documentário que estou falando é o The Celluloid Closet (O outro lado de Hollywood - 1995), dirigido e escrito por Rob Epstein e Jeffrey Friedman, a seguir faço uma breve descrição dele, selecionando algumas películas mostradas.
Ele começa da seguinte forma:
Hollywood, esse fenomenal fabricante de mitos, ensinou aos heterosexuais o que pensar dos gays e os gays o que pensar de si mesmos.
Essa frase acima tem uma análise bastante coerente, pois nossas idéias a respeito de quem somos não se originam só em nosso interior, vem da cultura, por exemplo, dos filmes. Deles podemos aprender o que significa ser um homem ou uma mulher, o que representa ter sexualidade. Segundo Zizek, segue o link para o comentário que fiz sobre o Guia do Pervertido do Cinema, o cinema é assim a arte pervertida por excelência. Ele não te dá aquilo que deseja, mas sim te diz como desejar. Ele ensina que um homem vestido de mulher é sinônimo de chacota, gozação, já uma mulher vestida de homem, na maioria das vezes é sexy, conseguindo atingir homens e mulheres ao mesmo tempo. Temos dois exemplos clássicos para estes casos. Marlene Dietrich em Marrocos (1930) e Greta Garbo, como a Rainha Christina, em 1933. Garbo nesse filme interpretava uma monarca sueca, verdadeiramente masculinizada. Hollywood trocou a história, mas parece ter ficado vestígios da trama original.

Foto 1 - Marlene Dietrich interpretando a cantora de boate Amy Jolly em Marrocos (1930)

Foto 2 - Garbo em trajes masculinos em Rainha Christina (1933)

Nessa mesma época, a censura partiu de todos os lados. Do clube das mulheres, de um político chamado Will Hays, e principalmente, da Igreja Católica em 1934. Essas organizações não só censuravam as películas, como também, promoviam boicotes. O lema da legião da decência era: Acceptable / Moraly Objectionable/ Condemned. Neste período, não só haviam atitudes contra, como leis que reprimiam o homosexualismo.

Entretanto, os filmes com temáticas homoeróticas continuaram a ser produzidos de maneira sutil e inteligente conseguindo, assim, transpor a censura. Os diretores escondiam mais os personagens desse tipo, mas eles continuavam presentes de forma indireta. E é incrível como se você para e pensa um pouco, tudo isso faz sentido. Veja a lista de clássicos que possuem a temática de maneira "subjacente":

1.
Foto 3 - Rebecca (1940) é um filme clássico do Hitchcock vencedor do Oscar de melhor filme
2.
Foto 4 - O Falcão Maltês (1941), um clássico do cinema norte-americano com Humphrey Bogart
3.
Foto 5 - Festim Diabólico (1948), também do diretor Hitchcock, narra a história de dois psicopatas que ao mesmo tempo são amantes.
4.
Foto 6 - A "movie star" Joan Crawford em um papel tipicamente masculino no filme Johnny Guitar (1954)

5.
Foto 7 - Paul Newman e Elizabeth Taylor em, Gata em Teto de Zinco Quente (1958), mesmo tendo o conteúdo mais explícito ao homosexualismo sido censurado, ainda ficam resquícios que nos levam a pensar nisso

6.
Foto 8 - Outro clássico do cinema, Ben-Hur (1959), a cena acima foi protagonizada por Charlton Heston (Ben-Hur) e Stephen Boyd (Messala), amigos desde a infância vêem no reencontro a possibilidade de reatar antigos laços

7.
Foto 9 - Katharine Hepburn e Elizabeth Taylor em cena do filme, De repente, no último verão (1959)

Sobre o filme estrelado por Katharine Hepburn e Elizabeth Taylor a crítica que receberam do The New York Time foi: "Filme de degenerados, trabalho de degenerados."Sobre o filme, ainda saiu um comentário de Bosley Crowther, um respeitado crítico da época, "Se gostar do incesto, da violação, da sodomia, do canibalismo, da degeneração, isto é um filme para você, este filme é repugnante."

8.
Foto 10 - Um grande filme do Kubrick, Spartacus (1960) traz Kirk Douglas no elenco e mostra as relações entre homens no antigo Império Romano

Após muito tempo no "armário", o tema é tocado explicitamente em The Children's Hour (1961).

Foto 11 - Shirley MacLaine e Audrey Hepburn no referido filme

Entretanto, ensinou que a ação das duas envolvidas Karen e Martha, respectivamente, Audrey Hepburn e Shirley MacLaine, deveria ser de culpa, aversão, doença, morte, que cometeu algo que deve ser pago, que se deve sofrer. E foi por isso que me lembrei desse documentário quando vi o título do filme das "vampiras". Porque o preço que deve ser pago, segundo ensina os filmes hollywoodianos da época, é o fim da vida, em todos os filmes, o personagem gay é morto. Isso é apenas invertido em 1972, no filme, Cabaret, que mostra o triângulo amoroso entre uma cantora de cabaré, um professor e um barão alemão.

O filme Cruising (1980) estrelado por Al Pacino é exemplo ainda que todos os gays devem ser mortos. A morte aos gays, as gozações, nele fica evidente que o termo gay virou algo normal, todo mundo usa, e nem o nota mais. Outros exemplos de importantes filmes que tem esse tipo de temática são:

9.
Foto 12 - Estrelado por Meryl Streep e Cher, Silkwood (1983)

10.
Foto 13 - Fome de viver é um filme de 1983, e na cena acima estão Catherine Deneuve e Susan Sarandon

11.

Foto 14 - A cor púrpura (1985) mostra o amor pueril entre duas mulheres, uma delas Celie (Whoopi Goldberg)

12.
Foto 15 - Cena do filme Thelma e Louise (1991), um clássico dos anos de 1990, com grandes atuações de Susan Sarandon e Geena Davis

13.

Foto 16 - Cartaz do filme Filadélfia (1993), com Tom Hanks e Denzel Washington. Não é um filme escândaloso ou o gay não é um tipo exótico, nem assassino, nem promíscuo, apenas tenta lutar por igualdade na sociedade que vive.

Abaixo, o trailer do documentário:

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