Quais são as implicações do stress e da cobrança do dia-a-dia? Qual o resultado da busca pela perfeição? Até onde interpretar um papel pode trazer consequências para um artista? Moldar-se ou se transformar naquilo que se espera de você é positivo? Algumas respostas para essas questões podem ser encontradas em ‘Cisne Negro’. Uma jovem bailarina busca o papel mais almejado no mundo do ballet – o de rainha dos cisnes. No entanto, apenas perfeição e técnica não são suficientes, é preciso entrega, sedução, ousadia. Natalie Portman interpreta Nina, uma jovem meiga, frágil, brilhante e com talento, mas ao mesmo tempo insegura. E é justamente essa sua última característica que dificulta o seu êxito completo na sua iniciante carreira. Ao lado de uma mãe sufocante – temente que a filha tenha o seu mesmo destino – e, de visões variadas a jovem Nina consegue o papel tão sonhado.
Dirigido por Darren Aronofsky - o mesmo de Pi (1998) e Réquiem para um sonho (2000) – ‘Cisne Negro’ consegue surpreender, assustar e atordoar o espectador com muita arte e sedução. Tratar da complexa mente humana em todas as nuances - da ambição que se transforma em loucura – parece ser uma obsessão do diretor. É claro, há a antiga escala separada pelo mal e pelo bem, no entanto, a transição destas fases não é dada em etapas estanques, mas em ondas que afogam a atriz cada vez mais em um ‘sonho real’. Nina tem um desafio: mostrar que está acima de uma suposta fragilidade que a impediria de interpretar simultaneamente o cisne branco (alegoria da inocência e singeleza) e o cisne negro (símbolo da astúcia, lascívia e malícia).
E é nesse momento que preciso falar da Natalie Portman. Que interpretação intensa! Ela transmite tão bem o seu pesadelo, que em determinados momentos ele também parece ser nosso. A obsessão de Nina é construída em cima de duas colegas de profissão. A saber, a veterana Beth (Winona Ryder), estrela forçada a abandonar a equipe por conta da idade, e a novata Lily (Mila Kunis). Enquanto a primeira ilustra uma referência do passado e do futuro decadente, a segunda personifica o concorrente interno de Nina no atual momento. “Cisne Negro” tem suas bases fincadas sob a ambiguidade e daí vem o seu maior atrativo. E diga-se, muito bem executado pela atriz principal e pelo estilo visual do longa. E nesse caso, merece menção todos os responsáveis pela produção – incluindo o elenco, o Aronofsky, o Libatique e o Mansell. A sinestesia é possível graças a opção pelos cortes ligeiros, movimentos vertiginosos de câmera e close-ups que promovem uma harmonia entre o que se vê, o que se ouve e o que se sente na tela. Por tudo isso, vale a pena conferir ‘Cisne Negro’.
Para acessar o site oficial do filme, clique aqui.
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Black Swan (Cisne Negro), Estados Unidos - 2010. Dirigido por Darren Aronofsky. Com: Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Winona Ryder, Barbara Hershey. 108 minutos. Gênero: Drama, Suspense.
Nota: 9,5
2 comentários:
Atribuímos a mesma nota. Ótimo texto, Santiago!
Acho um filmaço perturbador e com cenas inesquecíveis, que pra mim já ganharam status de clássicas =)
Arnofsky se confirmando como um dos melhores diretores de sua geração e Portman, como vc mesmo diz, intensa e sufocante. O pesadelo se torna mais nosso do que dela pq acompanhamos tudo de fora, mas sofremos junto com a personagem.
bom ver seus textos de volta =)
abs!
Oi Elton, que bom tê-lo por aqui. Realmente ando meio descuidado com o blog, mas nunca com o cinema. =)
E sobre o filme, realmente, acho que foi o melhor que vi até agora. Ainda não completei a minha lista, mas já sei que por ex., Cisne Negro dá de 10 a 0 em A Rede Social.
Abração!
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