Essa semana, após uma aula de apresentação da disciplina, o professor que falava das variações institucionais entre vários países pelo mundo, resolveu falar sobre os cargos mais importantes dos Estados Unidos. Ele citou, em ordem de importância, o Presidente da República, o Presidente da House of Representatives, e em seguida, os Presidentes das Comissões Permanentes (Committee) da House of Representatives. Em seguida, ele olha para mim, aponta para mim, e pergunta: Qual a primeira coisa que vem na sua mente, quando alguém lhe fala sobre o Macartismo? Após um breve delay, e dele reafirmar, que estava falando comigo, e eu responder que sabia disso, eu disse: ‘a política de caça aos comunistas nos E.U.A.’.
Esse fato fez um amigo perguntar-me se eu já tinha visto um filme, recente, que tinha essa temática, e eu disse que não. No momento, ele não se lembrou do nome, apenas um pouco depois, quando já conversávamos com uma amiga. Eis que o filme era o ‘Good Night, and Good Luck.’. Uma opinião precipitada, principalmente, advinda de pessoas simpatizantes de filmes com muitos efeitos especiais e uma carga insuportável de ação, logo pensaria: Que filme chato, monótono e, além disso, em preto e branco! No entanto, eu diria que essa é uma definição impensada e simplista de um longa que se sustenta pelo seu roteiro, e nos seus diálogos rápidos (às vezes até demais) e interessantes.
É muito bem explorada na película a histeria anticomunista que tomava conta dos Estados Unidos no pós-2ª guerra mundial. Em muitos casos, como fica evidenciado, as acusações eram feitas sem nem mesmo haver provas definitivas do envolvimento de cidadãos americanos com Moscou. No filme, essa paranóia fica resumida na sua figura mais candente – a do senador Joseph McCarthy. Ao se considerar um cidadão traidor, já que o possível ato era considerado antipatriótico – as pessoas eram submetidas à inquéritos, e tinham suas vidas devassadas. Além disso, muitos eram levados ao exílio, condenados à pena de morte, à miséria ou ao suicídio (como se mostra no filme).
Com um elenco que conta com atores/atrizes interessantes, o destaque vai mesmo para o David Strathairn que interpreta muito bem o jornalista Edward R. Murrow. Ele que foi um ferrenho opositor das táticas empregadas pelo Senador que estimulava a delação, e o desrespeito às liberdades constitucionais dos indivíduos. Após uma série de críticas, e a indignação da população americana (que demorou muito), McCarthy teve seus últimos dias no ostracismo, e representava uma vergonha para a opinião pública do país. Ele é um exemplo, do que a manipulação de mentes pode ocasionar, mesmo em um Estado, onde os indivíduos se orgulhavam dos seus direitos políticos e civis idealizados como invioláveis e sacros.
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Good Night, and Good Luck. (Boa Noite, e Boa Sorte.), Estados Unidos, 2005. Dirigido por George Clooney. Com: David Strathairn, George Clooney, Robert Downey Jr., Patricia Clarkson, Frank Langella, Jeff Daniels, Thomas McCarthy. 93 minutos. Gênero: Drama/Histórico.
Nota: 9.0
5 comentários:
Este filme tem duas coisas que me fazem gostar dele, bom roteiro e bela fotografia.
e eu fico feliz mesmo de te ver por aqui. =)
beijão!!!
Olá Santiago, tudo bom? Passando pelo Chá de Poejo depois de um tempo e me deparo com um texto dessa pérola.
Gosto tanto de "Boa Noite, e Boa Sorte" que usei o filme como mote de análise para uma pesquisa que desenvolvi na faculdade. Retratar o período histórico do Macarthismo, evidenciar as posições de resistências e o personagem de Murrow (Strathairn, like a boss!) como peça de representação do povo.
Depois desse filme, George Clooney subiu vertiginosamente no meu conceito e só me ganha a cada filme. Não é apenas um astro, mas um profissional comprometido com o cinema e o andamento de sua carreira. Gosto muito do cara!
abraços!
atualize o blog com mais frequência ;)
Oi Elton,
eu não conhecia o David Strathairn, e foi uma ótima coisa tê-lo visto atuar. O filme é muito bom, e, realmente, retrata um período nada democrático daquela sociedade que se julga guardiã dos direitos democráticos liberais.
No mais, já levei muitos 'puxões de orelha' por conta do meu 'descaso' com o blog. Mas já resolvi, e vou ao menos, postar algo a cada semana nele. Além disso, eu sempre te acompanhei quando você tinha o blog, até porque via as suas atualizações, mas depois que você passou a escrever para o jornal, eu não consigo mais ver os teus novos posts. Há alguma outra forma de acompanhar tuas atualizações?
Valeu e grande abraço,
Rodrigo.
Então, eu não tenho RSS direto para o meu blog justamente pela licença do site. Infelizmente, as atualizações são conforme o veículo de notícia e não os posts no Pós-première. Tento atualizá-lo a cada semana também. Sempre que possível, dê uma passada por lá ;)
abraço!
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