segunda-feira, 3 de maio de 2010

Alice in Wonderland (2010)

É sempre difícil analisar um filme quando temos por referência outro que possui o mesmo enredo. É impossível não fazer comparações, e por isso, esse texto está cheio delas. Aqui é preciso dizer que o filme do diretor Tim Burton traz novas dimensões e a história é contada de forma mais “redonda” do que aquele produzido pela Disney em 1951. O que quero dizer com isso? Ao mesmo tempo em que entendemos um pouco da vida de Alice (por ex., a sua pseudo-festa de noivado com um engomadinho que é um baita de um chato), e de como algumas pessoas da sua vida “real” se parecem com personagens do seu “sonho”, perdemos os insights nonsenses presentes no da Disney.

Dessa vez, temos atores que chamam atenção, se não pela performance, pelo menos pela beleza como Anne Hathaway, Mia Wasikowska, Helena Carter e Johnny Depp, em contrapartida, temos um ambiente hostil e árido, com pouca vida e poucas cores. É um filme para adultos? Bom, nessa nova aventura de Alice, ela tem um objetivo do qual não compartilhava em 1951. A saber, ela deve livrar o “mundo subterrâneo” – porque agora é advogado que tal mundo existe de fato, e ele só é “país das maravilhas” para a própria Alice – da tirania da rainha de copas. Ou seja, a garota – não, ela não é mais uma garota, mas sim, uma jovem adolescente – é uma espécie de “escolhida”, uma heroína (observação para seu traje de guerreira medieval nas cenas finais).

Talvez para justificar a ida de um público maior aos cinemas, os produtores optaram por dar um toque de aventura na trama. Sinceramente, não acho que caiu bem. Além disso, quem não sabia que na batalha Alice não seria a vencedora? Regra do cinema mainstream: Os protagonistas sempre vencem e nunca morrem. E o “quase clima de romance” entre Alice e o Chapeleiro Maluco? Beira ao piegas. Fora o renascer da jovem após sair do mundo subterrâneo, dizendo as verdades do mundo a todos, e transformando-se numa “mulher de visão e de negócios”.

É verdade que algumas mensagens ainda são transmitidas na película. Como o fato de enfatizar a perda paulatina de imaginação à medida que crescemos. No entanto, momentos essenciais são perdidos no ar, tal como o encontro de Alice com o gato ou com a lagarta. Aliás, eles existem, mas os temas são superficialmente abordados – será que em prol do grande público? Nada contra releituras, contanto que elas sejam boas, e não sei se esse é o caso de Alice no País das Maravilhas (2010). Por isso, continuo preferindo aquele mundo “onde flores pensavam que você é uma erva daninha, lagarta fazia o estilo fumante-intelectual, um coelho apressado corria porque estava sempre atrasado, um gato ficava sob sua própria cabeça, chaleiras cantavam, urubus eram guarda-chuvas, corujas tinham pescoço de sanfona e maçanetas falavam.

Certa vez quando escrevia no “mão no teto e chão no pé”, escrevi sobre o Alice no País das Maravilhas (1951), posteriormente pretendo postar esse texto aqui no chá de poejo. Para ver o site oficial do filme, clique aqui.
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Alice in Wonderland (Alice no País das Maravilhas), Estados Unidos - 2010. Dirigido por Tim Burton. Com: Anne Hathaway, Mia Wasikowska, Helena Carter, Johnny Depp. 108 minutos. Gênero: Aventura, Fantasia.
Nota: 7.0

5 comentários:

Elton Telles disse...

Olá Santiago.
Também não fui muito entusiasta com esse "Alice..." porque acreditava que seria mais ousado e seria até mais nonsense do que o desenho de 51, mas como vc apontou, o filme caiu para uma aventurazinha infantil e previsível. Foi uma grande decepção. Ainda mais vindo de Burton, um diretor que preza pela atmosfera soturna e sombria em seus filmes. E a Alice é sem expressão todo o filme, mas Helena Bonham Carter é uma luz! =)


abs!

bruno knott disse...

e convenhamos que o filme não funciona muito bem no 3d tb... o Tim Burton não conhece muito bem este formato, pelo jeito...

Wally disse...

Confesso que desanimei com muitas críticas ruins, mas ainda mantenho esperança de que eu possa vir a gostar ao menos um pouco - como você.

Fernando disse...

Boas pontuações sobre o filme, Santiago. E acredito que o mérito desta versão é, além de todo o aparato tecnológico, o fato de associar as pessoas do mundo real com aquele subterrâneo... e é assim mesmo que acontecem nos sonhos, fazemos associações muitas vezes sem muito sentido nos sonhos, gerando um embróglio que só se faz sentido no subconsciente.

Santiago. disse...

Oi Elton,
também acho que a única boa inovação foi a rainha vermelha, uma das poucas coisas que irei guardar da produção.
Abração!


Oi Bruno,
infelizmente não vi o filme em 3D, por isso não posso opinar sobre o assunto.
Abraço!


Oi Wally,
não tenha dúvida, você deve ver sim. Quem sabe você não tem uma interpretação diferente?
Abraço!


Olá Fernando,
mas também acho que esse é um dos poucos acertos. Para ser preciso, esse que você tocou, e a atuação da Helena Bonham Carter.
Abração!

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