domingo, 9 de maio de 2010

A Single Man (2009)

Um dia pode mudar o resto da nossa vida? A resposta é clara e óbvia. Sim! A sensação de vazio e do voar dos dias às vezes nos faz subestimar a importância que alguns minutos podem ter. Não é difícil, em algumas circunstâncias, termos que decidir ou mostrar nosso potencial em rápidos 15 minutos. E o resultado produzido neste curto período repercutirá sobre o que faremos nos próximos 2, 3 ou 4 anos. Pois bem, em A Single Man (2009) vivemos com George (Colin Firth) 1 dia de sua vida e descobrimos seu pesadelo, sua paixão e seu desafio. Seu pesadelo é lembrar-se da morte do companheiro (Jim), sua paixão foi o seu companheiro Jim (Matthew Goode) com quem viveu durante 16 anos, e o seu desafio é cometer o seu tão planejado suicídio.

George está morrendo por dentro – essa percepção é ajudada pelo belíssimo trabalho de arte do longa -, mas não se permite externalizar isso. Nem mesmo para sua melhor amiga, Charlotte (Julianne Moore), com quem na juventude teve um affair. Além disso, parece que ele não é um gay assumido, até porque estamos falando da Califórnia de 1962. Ou seja, ele tem um autocontrole que no contexto o torna cada vez mais sufocado. Ele não consegue se envolver com mais ninguém, nem mesmo de forma casual. Até que tem um tipo de situação atípica em um encontro que não foi programado com um de seus alunos (Kenny) que por coincidência se parece muito com ele. Kenny parece ter se envolvido com uma amiga, tal como George, mas que parece nutrir algum tipo de paixão pelo mestre.

A história que é contada em flashbacks é tomada por sentimentalismos. E esse último ponto para mim, é o que faz a película perder força. Esse ingrediente faz o drama se tornar em um dramalhão. Gosto muito de ver atores em cenas fortes que exigem grande capacidade cênica, mas convenhamos que a esfera criada de – ai meu Deus, vou me matar! – torna maçante alguns momentos do filme, até porque é evidente que ele não concretizará o ato. No entanto, um ponto muito positivo e que não deixa a trama descambar totalmente, é a atuação do Colin Firth e do elenco de apoio. Os momentos de cumplicidade de Firth e Moore são belíssimos – ajudados ainda mais pela maravilhosa voz da Etta James –, tal como o momento em que ele tem conhecimento da morte de Jim. Firth consegue mergulhar psicologicamente em um personagem pouco comum no cinema de maneira primorosa.

Em suma, A Single Man (2009) está longe de ser um clássico, no entanto, é uma aula de bom gosto. Dirigido pelo Tom Ford, cada figurino, cada plano e cada ator parece ter sido escolhido a dedo e com bastante esmero. No entanto, o excesso de sentimentalismo da trama prejudica o desenvolvimento do filme que se torna cansativo no tocante ao dilema do protagonista entre continuar a viver ou cometer suicídio. Sobre o excesso de artificialidade imposta pelo diretor que muitos andam criticando não são problemas para mim, em minha ótica, eles nos ajudam a entender o estado espiritual do protagonista e cria um clima cult interessante.

Para ver o site oficial do filme, clique aqui.
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A Single Man (Direito de Amar), Estados Unidos - 2009. Dirigido por Tom Ford. Com: Colin Firth, Julianne Moore, Nicholas Hoult, Matthew Goode. 101 minutos. Gênero: Drama.
Nota: 8.5

4 comentários:

Pedro Henrique Gomes disse...

É sempre bom ver novos diretores se lançando em projetos assim. É um filme bastante feliz no sentido de construir uma história de grande força emocinal esse A Single Man, mas que me parece, exatamente, demasiado sentimentalóide.

Alan Raspante disse...

Quero muito ver 'A Single Man', mas o filme sequer passou no cinema da minha cidade (será que ainda está nos cinemas?), então, minha esperança é que lancem logo em DVD !
cinemapublico.blogspot.com

Wally disse...

Adorei este filme. Muito bem realizado, escrito e atuado. Talvez meu preferido do ano até agora.

Matheus Pannebecker disse...

"Direito de Amar" é o meu filme favorito do ano até agora. Todos os setores desse filme são dignos de elogios. Mas, o mais marcante mesmo é a espetacular interpretação de Colin Firth, o verdadeiro merecedor do Oscar!

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