Acho que as pessoas que andam falando mal de ‘A dama de ferro’ estavam na verdade querendo um documentário. Um daqueles que tratasse detalhadamente sobre a deflagração da Guerra das Malvinas e do modelo neoliberal implementado pelo governo Thatcher. Mesmo esses sendo temas importantíssimos da agenda política dos anos de 1980, tal como a queda do muro de Berlin, eles não são o foco da película. Da mesma maneira, que quem não conhece um pouco sobre sistemas de governo e sistemas eleitorais, também não conseguirá entender como foi que ela chegou ao poder sendo a líder do partido conservador. E por isso o roteiro deveria incluir uma aula de ciência política para suprir essa falta de informação? Não! Na verdade, o filme é maior do que essas coisas. Há um aspecto mais relevante para mim. É a ênfase constante, mesmo que não de maneira enfática, na ambição e no desejo dela de fazer algo em um mundo dominado apenas por homens. Pode-se discordar dos seus feitos, legado e maneira de agir, mas não há como negar a relevância que teve uma mulher ocupar o cargo de primeiro-ministro e, ainda mais, pelo partido conservador britânico. Nesse aspecto, ela foi tão ou mais progressista do que uma Simone de Beauvoir.
Talvez tenha faltado um pouco ao filme, não propriamente uma contextualização histórica, a que foi feita me deixou satisfeito. Quem sabe uma melhor abordagem dos bastidores do poder. Isso foi feito, mas de maneira superficial. Ela que sofria de um duplo preconceito, primeiro por ser mulher e, segundo, por ter se originado de uma família não muito abastada. Assim, o seu enfrentamento diário e sistemático para firmar posição nesse ambiente fosse mais instigante e rendesse uma película mais interessante. Tratar mais desses aspectos e menos do seu relacionamento com o marido morto, nas suas crises de ‘loucura’, renderia um trabalho de melhor nível. Afinal de contas, todos nós estamos sujeitos a envelhecer e, quiçá, passar pelos mesmos devaneios, no entanto, fincar o nome na história é para poucos e, isso sim é admirável e merece discussão!
Outro argumento que anda circulando nas críticas é que se a Streep não estivesse no filme, ele seria pior do que já é, como também, o fato de que alguns atores estão subaproveitados. Ora, o longa é sobre a Thatcher, queria-se o quê? Que o seu marido se sobressaísse na trama? Palmas para a diretora e os produtores que escolheram a Meryl Streep e deram a ela, se não o melhor papel em termos próprios, mas o melhor que ela interpretou nos últimos dez anos. Precisa, convincente, humana e incisiva (quando necessário), impecável. Sou um dos que advoga pela repercussão da Viola Davis, mas a Streep em termos de papel e atuação de atriz principal leva bastante vantagem. Parece que o filme foi feito sob encomenda para ela brilhar, e ela o faz. Dentre todas as oportunidades que a Streep teve de levar o Oscar nesses últimos dez anos, se ela não o levar esse ano, será o caso de maior injustiça já feito na história da premiação contra ela. Tirando o lado de fã (aliás, a análise feita é bastante racional), em todos os aspectos ela está surpreendente, seja com a ajuda da boa maquiagem para interpretar a ex-primeira-ministra no avançar da idade, seja ela na sua batalha diária no Parlamento. Que mulher, que atriz, que atuação!
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Talvez tenha faltado um pouco ao filme, não propriamente uma contextualização histórica, a que foi feita me deixou satisfeito. Quem sabe uma melhor abordagem dos bastidores do poder. Isso foi feito, mas de maneira superficial. Ela que sofria de um duplo preconceito, primeiro por ser mulher e, segundo, por ter se originado de uma família não muito abastada. Assim, o seu enfrentamento diário e sistemático para firmar posição nesse ambiente fosse mais instigante e rendesse uma película mais interessante. Tratar mais desses aspectos e menos do seu relacionamento com o marido morto, nas suas crises de ‘loucura’, renderia um trabalho de melhor nível. Afinal de contas, todos nós estamos sujeitos a envelhecer e, quiçá, passar pelos mesmos devaneios, no entanto, fincar o nome na história é para poucos e, isso sim é admirável e merece discussão!
Outro argumento que anda circulando nas críticas é que se a Streep não estivesse no filme, ele seria pior do que já é, como também, o fato de que alguns atores estão subaproveitados. Ora, o longa é sobre a Thatcher, queria-se o quê? Que o seu marido se sobressaísse na trama? Palmas para a diretora e os produtores que escolheram a Meryl Streep e deram a ela, se não o melhor papel em termos próprios, mas o melhor que ela interpretou nos últimos dez anos. Precisa, convincente, humana e incisiva (quando necessário), impecável. Sou um dos que advoga pela repercussão da Viola Davis, mas a Streep em termos de papel e atuação de atriz principal leva bastante vantagem. Parece que o filme foi feito sob encomenda para ela brilhar, e ela o faz. Dentre todas as oportunidades que a Streep teve de levar o Oscar nesses últimos dez anos, se ela não o levar esse ano, será o caso de maior injustiça já feito na história da premiação contra ela. Tirando o lado de fã (aliás, a análise feita é bastante racional), em todos os aspectos ela está surpreendente, seja com a ajuda da boa maquiagem para interpretar a ex-primeira-ministra no avançar da idade, seja ela na sua batalha diária no Parlamento. Que mulher, que atriz, que atuação!
-------------------------------------------------------------------------------------------------
The Iron Lady (A Dama de Ferro), Reino Unido, 2011. Dirigido por Phyllida Lloyd. Com: Meryl Streep, Jim Broadbent. 105 minutos. Gênero: Biográfico, Drama.
Nota: 7.5
1 comentários:
Acho que o problema com filmes biográficos é que as pessoas querem ver algo que não cabe, ou que não foi interessante ser ressaltado pelo diretor. Pelos temas históricos e artísticos, este e um ótimo filme, com uma brilhante atuação da Meryl, como você falou, 'um filme feito sob encomenda', ela me emocionou com a atuação, e sim, merece o premio que levou.
Postar um comentário