Não sei precisamente qual o argumento defendido por ‘Precisamos falar sobre o Kevin’. Na verdade, talvez até tenha entendido a linha de raciocínio do roteiro, o problema é que discordo completamente dele. Aparentemente, ele quer reforçar a tese de que as pessoas já nascem predestinadas a algo. Que existe um ‘instinto assassino’ inerente ao ser humano e, incontrolavelmente forte, em alguns indivíduos. Pois bem, não acredito nem em coisas predestinadas, nem em instintos. Tenho convicção que da mesma forma que escolhemos uma religião, um partido político, um time de futebol, etc, somos levados socialmente, pelo pertencimento a determinados grupos sociais a assumir certas preferências e não outras. Não se trata de uma necessidade biológica, não há um gene que predetermine esse comportamento, tal qual há naqueles com diabetes e sua deficiência em quebrar a molécula de glicose, ou entre os daltônicos e seu problema em distinguir o verde do vermelho.
Por outro lado, em que mundo vivia a família e, especificamente, a mãe do Kevin? Será que ela nunca ouviu falar em terapia, em psicólogos? Talvez o longa sirva para chamar atenção no tocante a responsabilidade dos pais sobre as futuras atitudes dos filhos. Muitas vezes, durante o filme, eu fiquei em conflito, em certos momentos, achava que a mãe tinha culpa, em outros, pensava, coitada dessa pobre mulher. A verdade é que o filho a manipulava e conseguia ser roteirista, ator principal e diretor de todos os momentos naquela família. Aparenta conservadorismo, mas sem respeito a determinadas regras, não há como pessoas coexistirem. Quando se vive em um ambiente mais harmônico, essas regras são menos enfatizadas, no entanto, na situação vivida no filme, elas precisam ser permanentemente reiteradas e reforçadas.
Tilda Swinton está perfeitamente incrível e simetricamente desempolgante. É aquele tipo de papel onde a atriz controla a personagem nos mínimos detalhes, mostra-se totalmente imersa na história, mas não consegue ser avassaladora e arrebatadora. De fato, ela me convence e eu consigo entender o deserto que sua vida se transforma a partir do desenrolar da trama. Vejo uma comunidade que nunca mais irá aceitá-la e, a repercussão disso no seu cotidiano. Nunca mais, o estigma e o vermelho tão presente durante toda a película irá desaparecer da sua memória e da sua existência. A Swinton consegue, muito bem, nos transmitir todos essas nuances, mas não nos entusiasma. Em suma, é um bom filme, com boas atuações e que merece ser visto, apesar do seu desfecho pouco convincente.
-------------------------------------------------------------------------------------------------Por outro lado, em que mundo vivia a família e, especificamente, a mãe do Kevin? Será que ela nunca ouviu falar em terapia, em psicólogos? Talvez o longa sirva para chamar atenção no tocante a responsabilidade dos pais sobre as futuras atitudes dos filhos. Muitas vezes, durante o filme, eu fiquei em conflito, em certos momentos, achava que a mãe tinha culpa, em outros, pensava, coitada dessa pobre mulher. A verdade é que o filho a manipulava e conseguia ser roteirista, ator principal e diretor de todos os momentos naquela família. Aparenta conservadorismo, mas sem respeito a determinadas regras, não há como pessoas coexistirem. Quando se vive em um ambiente mais harmônico, essas regras são menos enfatizadas, no entanto, na situação vivida no filme, elas precisam ser permanentemente reiteradas e reforçadas.
Tilda Swinton está perfeitamente incrível e simetricamente desempolgante. É aquele tipo de papel onde a atriz controla a personagem nos mínimos detalhes, mostra-se totalmente imersa na história, mas não consegue ser avassaladora e arrebatadora. De fato, ela me convence e eu consigo entender o deserto que sua vida se transforma a partir do desenrolar da trama. Vejo uma comunidade que nunca mais irá aceitá-la e, a repercussão disso no seu cotidiano. Nunca mais, o estigma e o vermelho tão presente durante toda a película irá desaparecer da sua memória e da sua existência. A Swinton consegue, muito bem, nos transmitir todos essas nuances, mas não nos entusiasma. Em suma, é um bom filme, com boas atuações e que merece ser visto, apesar do seu desfecho pouco convincente.
We Need to Talk About Kevin (Precisamos Falar Sobre o Kevin), Estados Unidos/Reino Unido, 2011. Dirigido por Lynne Ramsay. Com: Tilda Swinton, John C. Reilly, Ezra Miller. 112 minutos. Gênero: Drama, Suspense.
Nota: 7.5
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