quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A Serious Man (2009)

Foto 1 - Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg) em A Single Man

Não há como negar que acabei de ver um longa dos Irmãos Coen, tal como se anunciava aos quatro ventos, A Serious Man (Um Homem Sério) é cheio de sutilezas, críticas e humor negro. Se há uma tese que esses dois perseguem é a de que ninguém se importa com ninguém, entre as pessoas não existem laços de solidariedade, e o que todos querem é a hora de voltar para casa depois de um dia exaustivo. Nesse contexto, Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg) vê a sua vida desabar, na família, no trabalho, sua saúde, tudo o que ele construiu, é paulatinamente, e às vezes, repetinamente, convertido em pó.

A pergunta principal é: Ser sério é suficiente na vida? Os Irmãos Coen levantam uma série de evidências negando aquilo que pareceria natural ser respondido com um sim. Até que ponto somos éticos e arcamos com as consequências disso? Esses são alguns temas desenvolvidos pela trama, em um universo que de vez em quando é impossível captar o real do imaginário, já que o Larry Gopnik passa a oscilar entre esses dois polos, em certos momentos. Os seres humanos são utilitários? Parece que do ponto de vista deles, a resposta é sim. Basta ver como é mostrado o relacionamento do Larry Gopnik com a sua esposa Judith Gopnik (Sari Lennick). No entanto, eles (Irmãos Coen) estão perdoados, afinal de contas, ambos são norte-americanos, e lá, a ética individualista é levada a sério.

Não posso dizer que o filme é ruim, não tenho dúvida que está (MUITO) acima da média. Inclusive, não possui uma das melhores trilhas sonoras, mas é bem legal ouvir Somebody to Love do Jefferson Airplane nele. Os atores também não estão mal, todos cumprem bem seus papéis. O Michael Stuhlbarg demonstra bem a paranóia que vive o seu personagem, um homem que vive para o trabalho, sem vínculos sociais, que pouco tem contato com seus filhos e esposa, enfim, Um Homem Sério que não se dá o luxo de transgredir convenções. Entretanto, não há nem do Stuhlbarg, nem de nenhum outro ator, uma perfomance digna de premiações, ou elogios mais calorosos.

Nesse mesmo sentido, devo falar do roteiro e do ritmo com o qual é
dirigido. Na metade do filme, parece que o longa não vai andar para canto nenhum, esse momento coincide com as visitas que o Larry Gopnik faz aos rabinos. Estranho que ao mesmo tempo em que são passagens cruciais para se compreender a trama, deixa o filme mais lento do que deveria ser. De fato, diferentemente, de Queime Depois de Ler, A Serious Man não será uma película a cair no gosto da maioria, o esforço compreensivo empreendido para captar as ideias do roteiro é infinitamente maior do que no primeiro, quando na verdade, eles estão falando das mesmas coisas, só que de maneiras diferentes.

Tal como Lars von Trier, os irmãos Coen apresentam a ideia de que a bondade e a correção de atos podem ser duramente penalisadas. Por um lado, temos a Selma Jezkova (Björk) e a Grace (Nicole Kidman) que sofrem ao ajudar e serem prestativas, e por outro, o Larry Gopnik que tenta ser honesto em suas ações, e servir a comunidade, mas acaba com o seu mundo desmoronando. Em A Serious Man, os irmãos Coen tiveram a coragem que faltou a Jason Reitman em Amor sem Escalas, para saber, você terá que ver o filme. No mais, você acaba pensando, será mesmo que Hobbes estava certo? Afinal de contas, o homem é lobo do próprio homem? Não me resta dúvidas de que para os diretores americanos a resposta é sim, e A Serious Man é mais uma prova disso.

Para ver o site oficial de A Serious Man, clique aqui.
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A Serious Man (Um Homem Sério), Estados Unidos, Reino Unido e França - 2009. Dirigido por Ethan Coen e Joel Coen. Com: Michael Stuhlbarg, Richard Kind, Fred Melamed, Sari Lennick, Aaron Wolff. 106 minutos. Gênero: Comédia, Drama.
Nota: 9.3

5 comentários:

Fernando disse...

Eu estou bastante interessado em assistir ao filme dos irmãos Cohen. Gosto da linha do roteiro deles, sempre obscuro mas muito bem-humorado, ao mesmo tempo.

Vinícius P. disse...

Simplesmente adorei esse filme dos Coen e fico feliz com seu reconhecimento.

Beto disse...

A Serious Man é fantástico mesmo, e acredito que super mal compreendido. São os Coen em sua melhor forma.

Wally disse...

Os Coens costumam me agradar muito - estou especialmente curioso pelo que realizaram aqui.

Santiago. disse...

Para todos...

É o típico filme que não dá para escrever assim que se acaba de ver. Confesso que quando o longa acabou, na cena ao som de Somebody to Love, eu me perguntei, se estava ficando louco ou se não tinha entendido nada mesmo. Só depois de um tempo é que a ficha caiu, e que as engrenagens voltaram a funcionar. De fato, é um ótimo filme, mas que deve ser visto com calma e atenção.

Abraço!

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