Nine narra a história de Guido Contini (Daniel Day-Lewis), um cineasta em busca de inspiração e em crise criativa. Uma clara referência ao filme 8 1/2 de Fellini, onde um outro Guido, só que Anselmi, não consegue ter novas ideias para sua nova película, e vê nesse processo, uma luta íntima consigo mesmo. Seus traumas, seu passado, questões mal resolvidas, as mulheres que fizeram parte da sua vida, tudo vem à tona, e o tormento é devastador. Resumindo, em ambos os casos, a crise de consciência está presente, como também, a iminente falta de originalidade. O que há de diferente entre os longas citados, é que o dirigido pelo Rob Marshall, nem de longe se assemelha a genialidade com que é conduzido o filmado por Fellini, mesmo um sendo baseado no outro.
Sabe quando se tem a impressão de que um constelação de artistas foram reunidas, mas faltou a mão firme ou um maetro que os conduzissem? Pois bem, foi essa a leitura que eu tive. Quem leu meu comentário sobre Sangue Negro, por exemplo, sabe o quanto eu respeito e admiro o Daniel Day-Lewis, mas em Nine, ele está caricato até o último instante, e isso, quando ele consegue impressionar. Sem falar na Judi Dench (Lili), uma excelente atriz que tem uma participação diminuta, e uma cena musical terrível. É terrível tanto a execução da cena, quanto a canção que ela interpreta. Aliás, falando em canção, para um musical, foi feita uma péssima seleção de composições, com duas exceções que falo a seguir.
Os momentos que chamam um pouco a atenção são quando se canta Be Italian e Cinema Italiano. A primeira interpretada de forma bem sensual pela Stacy Ferguson (Saraghina), e a segunda, pela Kate Hudson (Stephanie Necrophuros). Entretanto, boas interpretações só vejo duas. A primeira, e indiscutível, é a da Marion Cotillard (Luisa Contini), ela está emotiva, simples e convincente no papel da "boa esposa" que depois dá um chute na bunda do marido. É incrível como seus olhos dizem tudo o que precisamos saber sobre suas emoções. E a segunda, é a Penélope Cruz (Carla Albanese) que é uma amante sensual e possessiva. Vale uma indicação ao Oscar, mas não vale vencer, entretanto, preferiria ver a Cotillard indicada.
Ahh, sobre a Sophia Loren e a Nicole Kidman prefiro não comentar. A primeira por respeito aos serviços já prestados à sétima arte, e a segunda, porque seu papel é tão morno que não incita nenhum tipo de sentimento. Antes de ver Nine me perguntava sobre a razão do seu fracasso. Não entendia como um filme desses tinha sido fadado ao esquecimento nas premiações, e parece que a resposta é Rob Marshall. Não há paixão no filme ou pelo filme, é uma sucessão de acontecimentos desconectados e piorados pelas músicas. A sensação que se tem é que estamos na platéia do teatro, e não no cinema. Marshall, volta para a Broadway!
Nine é a prova de que uma boa direção é essencial. Desde que vi uma entrevista com a grande Bette Davis, percebi o quão uma boa direção pode interferir no trabalho das atrizes e atores. Na oportunidade, ela dizia que até seu trabalho com William Wyler em 1938, não tinha sido dirigida por ninguém, e definia a sua situação assim: “Roteiros ruins, diretores ruins". No entanto, depois de trabalhar com Wyler, ela chegou a dizer que sem ele, a sua carreira não teria sido tão fantástica. E isso vindo de Bette Davis importa muito, ela não era chegada a elogiar quem não merecesse. Assim, pode-se ter uma constelação de atores, mas sem uma boa direção, não há roteiro que se sustente, e esse, é o caso de Nine. E agora eu sei, o filme e a direção são ruins mesmo!
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Nine, Estados Unidos - 2009. Dirigido por Rob Marshall. Com: Daniel Day-Lewis, Marion Cotillard, Penélope Cruz, Nicole Kidman, Judi Dench, Stacy Ferguson, Kate Hudson, Sophia Loren. 112 minutos. Gênero: Drama, Musical.
Nota: 3.0
8 comentários:
se a gente tivesse a sensação de estar no teatro vendo uma peça bacana, seria interessante...
mas o filme é péssimo. dei uma nota 5, acho que só pelo fato de ter belas atrizes.
já não sou muito chegado a musicais e num pentelho como esse fica complicado mesmo.
Todo mundo detonando o filme, com total razão...
Puxa pegou pesado, hein? Concordo que o filme é frustrante, mas não chega a ser péssimo a ponto de levar nota 3,0. Bem, esta é a minha opinião, hehe e sim, gostei de Judy Dench e de sua apresentação.
Posso confessar? não gosto de Rob Marshall.
Chicago mesmo eu só assisti e reviso pela soberba atuação de Zeta-Jones, pois Zellwegger e Gere são ridículos ao extremo...e o filme é meio intragável.
Quem sabe um dia páro pra ver este Nine? daqui a uns anos e tenho dito, rs.
Seu blog é muito bom, sou seguidor, vou ler mais
Fã da Bette Davis? vai gostar de ver o que apimentei sobre Baby Hudson em meu blog...
Um dos fracassos merecidos dessa temporada.
Oi Bruno,
a única coisa que me fez ver Nine foi seu elenco, por ele, sua nota deveria ser 10. Entretanto, como disse, um grande elenco, sem direção, não adianta muita coisa.
Abraço!
Oi Fernando,
não peguei pesado, se você imaginar que 3, é o equivalente de 1 estrela e meia. Para não ser cabeça dura, qualquer nota entre 3 e 4, seria coerente para Nine.
Abraço!
Cristiano,
valeu pela visita ao blog! Agora, Nine não seria um filme que indicaria a ninguém. Eu fui vê-lo, porque não entendia como um filme com grandes nomes, não engrenava. Falando de coisas boas, sou sim, louco e fã incondicional da eterna Miss Davis. Devoro tudo que foi feito ou que ela tenha participado. Em uma próxima oportunidade, me manda o link da tua postagem sobre a Baby Jane. No mais, já adicionei o seu blog no chá de poejo, para que você possa apimentar o debate por aqui.
Abraço!
Vinícius,
um dos fracassos e decepções da temporada, infelizmente!
Abraço!
Uia. Muito medo deste filme. Estou até adiando-o.
Postar um comentário