segunda-feira, 5 de outubro de 2009

ALL ABOUT BETTE DAVIS - Parte I

Nessa semana, nenhum outro assunto, fora aqueles relacionados à atriz norte-americana Bette Davis terá espaço neste blog. Há bastante tempo, queria fazer esse especial em sua homenagem, mas esperei até uma data representativa para fazê-lo. A atriz que nasceu em 05 de abril de 1908, veio a falecer em 06 de outubro de 1989. Ou seja, nessa semana, comemora-se 20 anos da morte da grande estrela do cinema americano. E por isso, a data é mais do que significativa para realizar este tributo.

Inicialmente, vou contar como a conheci. Foi em um filme do Pedro Almodóvar, em português, Tudo sobre minha mãe de 1999. A cena é a que Bette Davis diz que os fãs são verdadeiros coiotes, caçadores de autógrafos, passagem retirada do filme All About Eve (1950). Foi nessa passagem que eu disse comigo mesmo, tenho que saber que atriz é essa, e que filme é esse. Esse foi o ponto de partida para conhecê-la, e para assistir a minha primeira película onde ela atuava, desde então, “devoro” tudo o ela já fez, inclusive, suas entrevistas para a tv. Por isso mesmo, Almodovár nunca vai saber, mas ele foi a pessoa que me inspirou a gostar de cinema, subentenda-se, Bette Davis.

Foto 1 - Cena do filme All About Eve (1950), justamente, a primeira que vi da atriz e onde tive o prazer de conhecê-la

E é por causa do meu primeiro filme ter sido o All About Eve que os textos da série serão chamados de All About Bette Davis. Além de que, o nome do longa cai como uma luva para o que vou escrever.

IMPORTANTE: Grande parte das imagens que constam nesse especial foram coletadas do google imagens. Por favor, se alguém achar que a imagem foi tirada do seu blog, entre em contato que eu dou os créditos, ou ponho até o logo do tal blog na foto. Obrigado!

A FAMÍLIA E O INÍCIO DA CARREIRA NO TEATRO E NO CINEMA

Ruth Elizabeth Davis, mais tarde, Bette Davis, nasceu em 05 de abril de 1908 em uma cidade chamada Lowell em Massachusetts. Seu pai, um intelectual, tinha personalidade incompatível a da sua mãe. Separaram-se quando Bette tinha sete anos. A memória dela em relação a ele é que não era muito bom para sua mãe, e que ela ficou feliz com a separação, tanto por si própria quanto por sua mãe.

Foto 2 - Três gerações da família de Bette. A avó Favor, Ruthie sua mãe, e a pequena Bette

A partir desse dia, Ruthie Davis (mãe de Bette) lutou pela educação das suas duas filhas. E desde então, Bette teve consciência dos sacrifícios da mãe, em especial, no dia em que (sua mãe) se formou no curso de fotografia na Cushing Academy. Ela pagou a última mensalidade do curso tirando fotos dos formandos. Sobre isso, Bette pensou: “Um dia ela irá parar de trabalhar”. Além disso, a mãe dela foi um grande incentivo para Bette continuar buscando seu espaço no meio cinematográfico. Antes da sua empreitada no cinema, seu maior objetivo e paixão foi o teatro. Sua primeira tentativa de profissionalização foi em Nova Iorque na academia de Eva Le Gallienne uma das mais conceituadas da época. Mas a resposta da atriz após o teste foi: - Srta. Davis, percebo que sua atitude em relação ao teatro não é suficientemente séria para justificar que eu a aceite como aluna. Não passa de uma garotinha frívola. Tenha um bom dia.

Todo empecilho encontrado, a fazia mais forte. Não tendo espaço na escola de Eva Le Gallienne, correu para a segunda melhor opção, a Escola Dramática John Murray Anderson-Robert Milton, onde conheceria George Arliss, futuro propulsor da sua carreira. Três anos de elogios e aplausos nos teatros do Leste nada significavam em Hollywood. Na terra da indústria cinematográfica, a pessoa era considerada culpada desde o início, até conseguir provar o quanto valia. E Bette não gostava do cinema da mesma forma que adorava o teatro. No início, ficou calada odiando tudo aquilo, e para reverter o quadro, sua mãe teve que reavivar-lhe o animo.

Sua carreira cinematográfica iniciou-se em 1930 e de forma desastrosa. A primeira tentativa foi frustrante visto que não era o seu talento que os executivos do cinema procuravam. Tanto é, que no seu primeiro teste, o diretor pede para que ela mostre suas pernas, e inquieta com a situação, ela indaga: “O que tem a ver as minhas pernas com meu talento?” Não gostando do que viu, o produtor de filmes Sam Goldwyn rejeitou a hipótese dela trabalhar em seus filmes.

Em 08 de dezembro de 1930, junto com a sua mãe Ruthie Davis, se mudam para Los Angeles, pois a Universal Studios tinha lhe oferecido um contrato de três meses. O tempo que permaneceu nesse estúdio foi terrível, um ano bastante ruim para a jovem atriz. Batizaram-lhe de “a pequena ratinha” e lhe deram papéis inexpressíveis. Após nove meses na Universal, seus filmes eram dignos de serem esquecidos, e Bette Davis não renovou o seu contrato. Aos 22 anos, sua carreira como atriz de cinema parecia ter chegado ao fim, mesmo antes de ter começado.

Em setembro de 1931, pronta para retornar a Nova Iorque, é surpreendida por um telefonema. Bette diz: “- E uma voz elegante de sotaque inglês falou: ... A Srta. Davis? Quem fala é o Sr. George Arliss.” Bette não acreditou e pensou ser uma piada. E ele falou: “-Não, querida. Sou George Arliss. Poderia vir a Warner Brothers imediatamente para uma entrevista?” No mesmo dia, ela foi ao estúdio e ganhou o papel. Isso era 1932, e o filme que participou junto ao seu antigo professor de dicção era The man who played God. Ser a protagonista de Arliss, um respeitado ator da época, foi de suma importância para Jack Warner contratá-la, e para que seus futuros admiradores a conhecessem.

Foto 3 - Cena do filme The man who played God de 1932. No centro, Bette Davis e George Arliss

Bette Davis em um documentário sobre ela - Bette Davis: Um Vulcão Benevolente (1983) – se auto define como tendo um entusiasmo inesgotável e uma vitalidade impressionante herdada da sua mãe. Oriunda de uma família puritana, respeito e honra eram palavras usadas pelos Davis com mais freqüência que afeição e amor. É fácil compreender o caráter de Bette Davis quando tomamos conhecimento que nasceu de um pai que não desejava sua concepção. Sabendo que nascera contra obstáculos, ela encarou o resto da vida como uma corrida de barreiras.

Na próxima seção, trataremos dos anos iniciais na Warner Brothers, e do primeiro Oscar recebido pela Miss Davis. A saga e a ambição de Bette são dignas de inveja. É uma história fascinante, por isso mesmo, impossível de ser perdida.

Para ver as outras partes: Parte 2, Parte 3, Parte 4, Parte 5, Parte 6, Parte 7

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