Ver as atuações de Katharine Hepburn, Elizabeth Taylor e Montgomery Clift em uma mesma cena é ter a sensação de presenciar a ‘santíssima trindade’ tomando formas humanas perante seus olhos. Falar das qualidades artísticas da Hepburn é ser redundante, em 1959 já era reconhecidamente um dos maiores nomes do Cinema mundial. Sempre precisa e forte, momento algum hesitante ou superficial. E a Taylor? Jovem, sensual e dramática ao ponto de deixarmos de lado até os exageros do roteiro.
Na verdade toda a película anda sobre uma ‘corda bamba’. Diversos temas são tratados no longa, porém, o mais ‘controverso’ é o da homossexualidade. Desde o ano de 1934, o cinema norte-americano era observado de perto por entidades que julgavam serem as guardiãs da moralidade. De acordo com o documentário, ‘O outro lado de Hollywood’, o filme recebeu a seguinte crítica do The New York Time: "Filme de degenerados, trabalho de degenerados." Sobre a película, ainda saiu um comentário de Bosley Crowther, um respeitado crítico da época, “Se gostar do incesto, da violação, da sodomia, do canibalismo, da degeneração, isto é um filme para você, este filme é repugnante.”
Dessa forma, o que o diretor Joseph L. Mankiewicz conseguiu fazer com o roteiro – já que não era possível falar explicitamente de tudo – foi criar um ambiente em que o espectador é levado a imaginar, a criar algumas realidades. É óbvio que mesmo antes da cena final, nós já conseguimos ter ideia da natureza do Sebastian e do seu relacionamento com sua mãe e prima. O elemento que fará toda a história vir à tona é o médico interpretado pelo Clift. Não é possível dizer que este é o seu melhor trabalho, mas sua performance equilibrada e concisa, se não o torna inesquecível nesse papel, também não atrapalha em nada a continuidade do filme.
‘De repente, no último verão’ é isso, uma conjunção de grandes estrelas e excelentes diálogos à moda de Mankiewicz. Tema visto como doentio na época daí muitas metáforas e mensagens nas entrelinhas, tudo bem, às vezes o roteiro beira o dramalhão, mas nada que apague a qualidade da marca do Tennessee Williams na trama. Enfim, é irregular, mas nunca monótono, e se no final nada te agradar, você não pode negar a perfeição dos atores, afinal de contas, estou falando da ‘santíssima trindade’.
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Na verdade toda a película anda sobre uma ‘corda bamba’. Diversos temas são tratados no longa, porém, o mais ‘controverso’ é o da homossexualidade. Desde o ano de 1934, o cinema norte-americano era observado de perto por entidades que julgavam serem as guardiãs da moralidade. De acordo com o documentário, ‘O outro lado de Hollywood’, o filme recebeu a seguinte crítica do The New York Time: "Filme de degenerados, trabalho de degenerados." Sobre a película, ainda saiu um comentário de Bosley Crowther, um respeitado crítico da época, “Se gostar do incesto, da violação, da sodomia, do canibalismo, da degeneração, isto é um filme para você, este filme é repugnante.”
Dessa forma, o que o diretor Joseph L. Mankiewicz conseguiu fazer com o roteiro – já que não era possível falar explicitamente de tudo – foi criar um ambiente em que o espectador é levado a imaginar, a criar algumas realidades. É óbvio que mesmo antes da cena final, nós já conseguimos ter ideia da natureza do Sebastian e do seu relacionamento com sua mãe e prima. O elemento que fará toda a história vir à tona é o médico interpretado pelo Clift. Não é possível dizer que este é o seu melhor trabalho, mas sua performance equilibrada e concisa, se não o torna inesquecível nesse papel, também não atrapalha em nada a continuidade do filme.
‘De repente, no último verão’ é isso, uma conjunção de grandes estrelas e excelentes diálogos à moda de Mankiewicz. Tema visto como doentio na época daí muitas metáforas e mensagens nas entrelinhas, tudo bem, às vezes o roteiro beira o dramalhão, mas nada que apague a qualidade da marca do Tennessee Williams na trama. Enfim, é irregular, mas nunca monótono, e se no final nada te agradar, você não pode negar a perfeição dos atores, afinal de contas, estou falando da ‘santíssima trindade’.
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Suddenly, Last Summer (De Repente, No Último Verão), Estados Unidos - 1959. Dirigido por Joseph L. Mankiewicz. Com: Katharine Hepburn, Elizabeth Taylor, Montgomery Clift, Mercedes McCambridge. 114 minutos. Gênero: Drama.
Nota: 7.5
5 comentários:
Vi recentemente e adorei. 5* Grande argumento, grandes interpretações, tecnicamente irrepreensível.
Roberto Simões
http://cineroad.blogspot.com/
Oi Roberto,
de fato, grandes atuações (o que salva, em grande medida, o longa) e um argumento que daria de 10 a 0 em qualquer filme contemporâneo. No entanto, em minha opinião, há alguns excessos dramáticos que o tornam pouco palpáveis. Mas sem dúvida, é uma boa película.
Abraço!
O filme não nega as origens de uma obra de Tennessee Williams, e as sugestões que o diretor vai conferindo paulatinamente, e onde as excelentes atuações femininas (o acento de Clift me estranhou, mas tampouco é uma atuação ruim) vão se desenvolvendo, são bem conduzidas, embora as conclusões sejam previsíveis. Hepburn subindo e descendo de elevador e Taylor sendo atacada no manicômio são sequências memoráveis.
Olá Mateus,
realmente, as cenas da Hepburn subindo e descendo naquele elevador são ótimas, e melhora ainda mais com a sua voz forte e ríspida.
E eu acho que de tanto ter que esconder o que se passou no verão, o fim realmente se torna previsível. Mas é um bom filme.
Abraço e volte sempre!
Oi!
Vi esse filme há pouco tempo e achei o argumento maravilhoso. O trio Kate, Taylor e Clift está excelente. Gostei até do apelo dramático. Combinou.
Sem contar que as histórias de bastidores são um filme a parte. Conta a história que Kate ficou tão revoltada que ao final das filmagens cuspiu (literalmente) na cara de Mankiewicz e Sam Spiegel, que Mankiewicz estava caidinho por Liz e que Clift já estava tão mal do vício que deu um tremendo trabalho!
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