segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Persona

Gabriel García Márquez no seu livro Memória de minhas putas tristes tem uma definição com a qual me identifiquei. Não sei se já deu para perceber que gosto da arte refletindo a condição humana e a existência. É um Ingmar Bergman cá, um García Márquez alí e um Woody Allen acolá. No livro do colombiano, um homem que completará 90 anos, quer reviver uma aventura amorosa de preferência com uma bela jovem virgem. Nesse ínterim, rememora suas lembranças, o que dá espaço para que pense sobre o que fez durante sua vida. Essa viagem pelo passado é o estopim para sua auto-descoberta, e sua descrição sobre sí próprio. Penso que o resultado dessa viagem interior me define, e também serve para outras pessoas que conheço. A propósito, persona era o nome das mascáras que os atores gregos utilizavam nas suas perfomances. Na psicologia refere-se as estratégias que os indivíduos usam para adaptar-se ao mundo exterior. Além disso, é o nome de um belíssimo filme do Ingmar Bergman que resume tanto a definição teatrológica, quanto a psicológica para o termo. A seguir, o trecho do livro:

Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio.

Gabriel García Marquez (2007), Memória de minhas putas tristes, p. 74, Editora Record

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