sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

(500) Dias com Ela

O que dizer de (500) Dias com Ela? Para mim, o longa possui muitos clichês comuns do gênero, entretanto, os roteiristas mostram ter um bom gosto cultural, e é isso que o distingue dos outros, e que lhe dá o caráter "cult". Inicialmente, aponto os lugares comuns que é a fórmula do sucesso para os romances.

1. O amor surge em encontros que aparentemente não são propositais. No caso de Tom (Joseph Gordon-Levitt) e Summer (Zooey Deschanel), isso acontece em um elevador. É lá que eles se falam pela primeira vez, quando ela pega o gancho e pergunta se o que ele está ouvindo é Smiths.

2. A aproximação. Em uma festa do trabalho, Tom tem em suas mãos, quatro taças de alguma bebida. Duas, ele dá a dois colegas de trabalho, que são desconhecidos para nós, uma é dele, e a quarta advinhe de quem é, claro que ele dará a Summer! A bebida será o mote para iniciar mais uma conversa.

3. Cenas tipicamente americanas. Outro momento de aproximação dos protagonistas é o Happy Hour com os colegas do trabalho, em um pub bacana, é nesse momento que se é revelado o amor do mocinho pela mocinha.

4. A satisfação após o sexo. Tom fica nas nuvens após ter feito sexo com Summer. Tudo em sua vida ganha sentido, tudo fica melhor e mais bonito. Mostra-se, então, o velho sorriso estampado no rosto, ele viu, literalmente, um passarinho azul.

5. Lavagem de roupa suja. Claro, ela acontece em um dos ambientes marcantes para ambos. Na parte da cidade preferida por Tom, e lá, eles fazem as pazes, pelo menos aparentemente, e é onde ele acaba ouvindo o que não quer. Ela: "Eu só... Só acordei um dia e soube." Ele: "Soube o quê?" Ela: "O que eu nunca tive certeza com você."

Segunda análise sobre o filme, sua parte legal e o que o difere dos outros.

Possui boas referências artísticas, isso dá conteúdo a mais uma história de amor/ódio, que mesmo negando, em última análise, é isso que a película é. Então, ouvir e ver uma cena do clássico de
Mike Nichols (A primeira noite de um homem) é impagável, da mesma forma que ouvir Smiths duas vezes em um mesmo filme, não tem preço. Além disso, temos referências aos Beatles, a Sid Vicious, a Belle and Sebastian e a Bruce Springsteen. Cinematograficamente, além de Mike Nichols, há uma citação do clássico "O Sétimo Selo" do Bergman, só que em uma versão a gosto do diretor Marc Webb. Além das citações dos pintores René Magritte e Edward Hopper que tão bem retrataram a solidão nas sociedades contemporâneas, e que bate com o estado de espírito do protagonista.

Em síntese, a película mostra um cara contando suas desilusões amorosas a seus amigos, sim, amigos, homens. Nesse grupo, também está sua irmã mais nova. E é ela que aparenta ser a madura entre os amigos marmanjos, dando conselhos de quem já viveu de tudo um pouco. É claro que todo esse "puxa e encolhe" fica meio cansativo. Toda a tristeza, dor e angústia que Tom sente com o fim do relacionamento, fica parecendo coisa do tipo, ai meu deus, vou me matar por causa dela.

Sobre o
Joseph Gordon-Levitt. Esse é o segundo filme que o vejo atuando, o primeiro foi Mistérios da Carne. Em (500) Dias com Ela, ele está bem melhor do que quando comparamos sua atuação ao do primeiro filme citado. Entretanto, sua perfomance como Tom ainda é bastante irregular. Diria que por enquanto, como ator, ele é um ótimo escritor de cartões. Voltando ao filme, ele dá muito peso ao acaso e ao destino, coisas que existem, mas que não tem tanta importância como pensam alguns. Lições de auto-ajuda a parte, tal como, a melhor forma de dar a volta por cima é envolvendo a mente com novos projetos, o longa é um bom passatempo, principalmente, por suas excelentes referências artísticas de forma ampla. Estas últimas, vale salientar, não estão soltas no meio da trama, mas possuem conexão com a vida dos personagens. E é isso que salva (500) Dias com Ela!
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(500) Days of Summer ((500) Dias com Ela), Estados Unidos - 2009. Dirigido por Marc Webb. Com: Joseph Gordon-Levitt, Zooey Deschanel. 95 minutos. Gênero: Comédia, Romance.
Nota: 8.0

5 comentários:

Vinícius P. disse...

Fiquei totalmente apaixonado por "500 Dias com Ela", justamente por me identificar com muitas das situações vistas no longa. Uma indicação para melhor filme seria justa.

cinthia disse...

Né que eu gostei da crítica que tu fez :P ...apesar desse teu desdém pelo sofrimento do Tom (aposto que é uma questão de genêro, já que estamos acostumados a ver as mulheres sofrendo nesse tipo de filme e não os homens, sempre certos de si e do que querem :P). Mas é como te disse, o filme é massa pela forma que é contado, não pela história em si. Poxa, merecia mais de que 8.0 heim! Bjoo

Fernando disse...

Gostei tb da sua crítica, embora com algumas ressalvas... Acho que Joseph Gordon-Levitt vai muito bem no papel de Tom, uma mistura de menino-nerd e desligado (aquilo que os cults adoram) e Summer dispensa comentários. É o símbolo da dita mulher moderna, independente e ao mesmo um tanto perdida na própria vida... Eu sou meio suspeito pra falar de 500 Dias de Verão. Achei o filme muito bacana por parecer um conto de fábulas da vida real, de qualquer maneira, são ressalvas são interessantes.
Abs!

Santiago. disse...

Oi Vinícius,
é, pode ser que o longa do Marc Webb entre na disputa por conta do desenho adotado este ano pela Academia. Se fosse como antigamente, só cinco na disputa, acho que ele não teria chance.

Abraço!


Cinthia,
acho que isso vindo de você é um elogio, já que você é uma árdua crítica de blogs e afins. Também achei o filme legal, mas é muito menos do que todo esse burburinho em torno dele.

Beijão!


Oi Fernando,
também acho o filme bacana, só não sei se daqui há 10 anos vou me lembrar dele, da mesma forma que lembro de Réquiem para um Sonho, por exemplo.

Abraço!

Fernando disse...

Ah sim! Requiém ou Brilho Eterno são tops dos tops... praticamente são outro patamar, hehe

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