terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Guerra ao Terror (2008)

Foto 1 - Cena memorável de Guerra ao Terror

No final de 2002, Saddam Hussein concordou que inspetores da ONU fiscalizassem as instalações industriais e militares do Iraque. Em fevereiro de 2003, após intensa procura, os inspetores concluiram que não haviam indícios de que o território iraquiano abrigasse armas de destruição em massa. No entanto, o governo americano ignorou esse fato e exigiu que o Conselho de Segurança da ONU autorizasse a invasão do país árabe. A invasão aconteceu, o governo iraquiano foi derrubado, Saddam Hussein foi capturado, e em 2006 foi condenado e morto. Mesmo assim, após a queda do regime ditatorial de Saddam Hussein, o Iraque continua em crise política, e os militares americanos ainda estão em solo "inimigo". Pois bem, é desse cenário que surge todo o enredo para o filme Guerra ao Terror, o qual faço alguns comentários a seguir.

A diretora Kathryn Bigelow tenta mostrar que para alguns, a guerra nem sempre é má, às vezes, ela também pode ser prazerosa, depende de como ela é vista e vivida. O caso ideal é o Sargento William James (Jeremy Renner), um militar especialista, pertencente a um esquadrão anti bombas. O cara vivencia a guerra como se estivesse em um parque de diversões, enquanto que seus companheiros sofrem com a paranóia da morte iminente. James desafia o perigo, deixando em alguns momentos, o espectador com ódio da sua irresponsabilidade. Visto que um erro seu, pode acarretar a morte de todos membros da equipe. Interpretar o Sargento William James não foi tarefa fácil, o cara tem uma psique difícil de ser compreendida. Ao mesmo tempo valente e inconsequente, também possuia nuances de algum tipo de trauma mal resolvido, daqueles que só se chora quando se está só tomando banho. Sendo um viciado na guerra, prefere esta, a sua própria família, seu negócio, de fato, é o campo de batalha, seu estimulo, adrenalina. E nesse contexto, Jeremy Renner não deixa nada a desejar, muito pelo contrário, compoe muito bem seu personagem. Dessa forma, mereceu a sua indicação ao SAG Awards, vencer já é outra história. Além disso, acharia justa uma indicação ao Oscar 2010.

Sobre o filme.
Kathryn Bigelow foi muito feliz ao escolher as formas de prender a atenção dos espectadores. As composições que utiliza deixa o ambiente hostil da guerra mais convicente, ao mesmo tempo em que aumenta o suspense da trama. O som do helicóptero que passa, o efeito com a câmera balançando, a respiração ofegante dos soldados, o calor, tudo isso aumenta a nossa aflição e nos deixa mais atentos. Além disso, outros dois aspectos são levados em consideração no argumento do longa. O primeiro são os civis iraquianos. Dentre eles percebemos três reações, desprezo e ódio frente aos americanos, utilização da guerra como pretexto para ganhar algum dinheiro, ou então, um olhar que demonstra um sentimento de passividade, e de que a qualquer hora pode morrer. E o segundo, é a concentração de alguns soldados, e o medo de outros frente a imprevisibilidade do desenrolar de um confronto. Em alguns, o prazer e introspecção é tamanha que nem se pisca os olhos quando uma mosca pousa, em contrapartida, em outros, o medo é tão incontrolável que gera paralisia.

Como pode ser visto, Guerra ao Terror, tem ação, mas tem uma análise sobre o comportamento dos militares em campo de batalha, tem suspense, mas tem boas atuações, tem efeitos especiais, mas se está alicerçado em um bom roteiro, é ficção, mas tem uma base histórica por detrás, é um longa americano, mas que não está simplesmente interessado em demonstrar que eles são os defensores da democracia, ou seja, é um filme completo. Além disso, executa do início ao fim sua proposta de trabalho, ou seja, seu estilo narrativo é mantido de ponta a ponta da película. É por essas e outras que está sendo considerado um novo clássico do cinema de guerras dos Estados Unidos, e tem levado tantos prêmios. Apenas provocando... Será que Guerra ao Terror é um clássico do cinema de guerra focando o Iraque, assim como Platoon está para a guerra do Vietnã?

Para ver o site oficial do longa, clique aqui.

Nota pessoal:

Desde outubro do ano passado, quando vi Bastardos Inglórios, que para mim, ele era o favorito em qualquer premiação. No entanto, depois de ver Guerra ao Terror, entrei em conflito com as minhas preferências. No momento, eu já não sei quem indicaria como melhor do ano, essa que é uma dúvida saudável me levará a ver o longa do Tarantino novamente, a fim de sanar esse problema com minha escolha.
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The Hurt Locker (Guerra ao Terror), Estados Unidos - 2008. Dirigido por Kathryn Bigelow. Com: Ralph Fiennes, Jeremy Renner, Anthony Mackie, Guy Pearce, Evangeline Lilly. 131 minutos. Gênero: Ação, Guerra, Suspense.
Nota: 10.0

5 comentários:

Fernando disse...

Se for para ser justos, Guerra Ao Terror e Bastardos Inglórios são muito mais filmes (no sentido de conteúdo e linguagem cinematográfica) do que Avatar... Ok, é uma discussão polêmica, mas pelo menos esta é a minha observação... Quanto ao filme propriamente dito, não tenho dúvidas que é forte candidato a se tornar um clássico sobre Guerra do Iraque, assim como Platoon e Corações e Mentes foram para a do Vietnã

Vinícius P. disse...

Para mim é um forte filme, mas não o melhor do ano. "Bastardos" e "Avatar" são superiores.

bruno knott disse...

Curti muito o seu texto e tô com a mesma dúvida. Bastardos ou Guerra ao Terror?

Muito difícil...

Abs.

Wally disse...

Acho "Guerra ao Terror" muito bom e realmente eficiente, mas MUITO longe de qualquer reconhecimento em premiação. Concordo com o Vini, "Bastardos" e "Avatar" são (muito) superiores.

Nota 8.0

Santiago. disse...

Fernando,
concordo com todas as suas observações, só não acho uma discussão polêmica.

Abraço!

Vinícius,
concordo até a parte de Bastardos.

Abraço!

Bruno,
valeu cara, e ainda não consegui dirimir a minha dúvida.

Abraço!

Wally,
parece que os membros da DGA não partilham da sua opinião. E concordo contigo até a parte onde tem Bastardos.

Abraço!

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