sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Avatar (2009)

Na última quarta-feira fui ao cinema, não propriamente para ver Avatar, mas por algumas circunstâncias, acabei unindo o útil ao agradável, e acabei vendo o longa. A película passa-se em algum planeta fantasioso da mente do roteirista e diretor James Cameron. O lugar é habitado por uma espécie organizada em tribos, onde as relações primárias ainda são mantidas sob o domínio religioso e familiar. A espécie chamada de Na'vi vive em um ambiente onde a natureza, os outros animais e eles, convivem em sintonia fina, onde matar é um ato necessário à sobrevivência, mas é feito de forma limpa e respeitosa. No entanto, o subterrâneo de Pandora (nome do planeta) esconde um mineral que alimenta a cobiça humana por extrai-lo.

O dilema humano é vivido, por uma lado, pelos militares, que sempre estão prontos para usar a força a fim de alcançar seus objetivos, e por outro, os cientistas, que tentam formas alternativas para conseguir entender bio-quimicamente o planeta, e também, sua organização social. Daí surge a experiência com o programa avatar. Ou seja, os humanos através de uma dada tecnologia (que não se mostra como foi alcançada) conseguem viver em outro corpo, corpo este elaborado tal como os dos nativos de Pandora. E é ai que entra o Jake Sully (Sam Worthington), que ao ficar só na floresta após uma expedição, acaba sendo "acolhido" pela população Na'vi para aprender seus costumes. E a partir daí que a trama se desenvolve.

Não vou continuar descrevendo o longa, até porque não é esse o meu objetivo. Minha intenção é comentá-lo. E sobre isso, digo que o que sustenta a película é a sua produção, especialmente,
o diretor de arte Rick Carter e o fotógrafo Mauro Fiore. Em algumas passagens, Avatar não é apenas um espetáculo visual, mostra questões como o relacionamento com os outros povos, e o poder destrutivo da espécie humana. Inclusive, preciso ressaltar que a cena da destruição da árvore onde viviam os Na'vis é de dar vergonha por se pertencer a espécie humana. Além de ser, esse momento, espetacular! Entretanto, por mais que queiram me convencer, não vejo em Avatar grandes atuações, ou um roteiro de encher os olhos. Até porque, isso não é característica do Cameron. As relações são superficiais, e a delimitação entre vilão e mocinho, ou vilão inconsciente que depois vira mocinho é clara, caso contrário, não teria uma bilheteria de 700 milhões de euros, isso, no começo do mês.

De fato o seu diferenciador são os efeitos especiais, a perfeição na utilização da técnica. No mais, o que a história tem de original? Não posso dizer o contrário, Avatar é um grande entretenimento e um grande ao utilizar um ambiente ficcional que a todo momento nos parece real. Mas não acredito que em seu conjunto ele seja tão espetacular. É preciso analisá-lo em dois momentos. O primeiro é na técnica, e nisso, ele é perfeito, espetacular, genial. No segundo momento, você analisa as atuações e o enredo, e ai na minha opinião ele perde terreno, principalmente quando comparado a outras produções do ano. Não teve um ator/atriz que me chamasse a atenção de maneira especial, e isso não significa más atuações, apenas performances comuns. E sobre o enredo, à medida que se pretende satisfazer um grande número de indivíduos, a trama perde qualidade reflexiva, e torna-se superficial. Assim, Avatar deve ser entendido como tendo dois momentos distintos, um inovador e outro comum, é difícil imaginar que essas duas características sobrevivam juntas em uma mesma película, mas essa é a regra para se agradar o maior número de mentes.
--------------------------------------------------------------------------------------------
Avatar, Estados Unidos - 2009. Dirigido por James Cameron. Com: Sigourney Weaver, Sam Worthington, Zoe Saldana. 162 minutos. Gênero: Ação, Ficção Científica, Suspense.
Nota: 9.0

3 comentários:

O Cara da Locadora disse...

Sem dúvida você pegou o âmago da questão, rs... É um ótimo filme pro que ele quer ser...

Santiago. disse...

Olá,
concordo contigo, "É um ótimo filme pro que ele quer ser", o que não significa que é um filme completo. E, particularmente, prefiro filmes que unem roteiro, atuações, produção, direção, os ditos completos.

Abraço!

Wally disse...

O roteiro é sim imperfeito, mas achei fantástico como Cameron tratou a obviedade e os clichês, os descontruindo em uma história que é pura paixão e emoção.

Nota 9,5

Postar um comentário