BETTE DAVIS, WILLIAM WYLER E SEU SEGUNDO PRÊMIO OSCAR
Foto 1 - Bette Davis e William Wyler
Hoje, vou destacar a participação do diretor Wyler na vida de Bette. Seus três filmes juntos e seu relacionamento amoroso com ele. Para isso, irei evidenciar os três longas estrelados pela atriz onde ele foi o diretor. Por que isso? Segundo a própria Bette, “Sem William Wyler minha carreira não teria sido tão fantástica.” Para ela, foi o primeiro diretor que realmente a dirigiu. Na época, era um diretor de 30 anos, exigente, temperamental, talentoso e as vezes cruel.
Foto 2 - Bette como Julie em Jezebel (1938) na cena do baile do Olímpio, onde choca a sociedade sulista por ir de frente a convenção da cor do vestido para as jovens solteiras
William Wyler dirigiu Bette em Jezebel (1938), The Letter (1940) e The Little Foxes (1941). Com esses filmes, Bette conseguiu mais três indicações ao Oscar, levando uma estatueta para casa. Em Jezebel (1938), Bette se firmou como um estrela de primeiríssima grandeza. A fanática direção de Wyler surtiu resultado: a performance dela foi espantosamente brilhante, tornando a petulância e impetuosidade de Julie Marsden (papel que interpreta) compreensíveis e simpáticas. Bette foi muito elogiada e ganhou seu segundo Oscar no ano seguinte por conta do seu desempenho.
Wyler ensinou Bette a moderar o seu estilo ao construir passagens suaves entre as cenas mais exacerbadas, bem como adaptar-se ao estilo mais estático e sutil de Henry Fonda. A paixão de Wyler pela repetição várias vezes da mesma cena, tão odiada pelos executivos do estúdio, mostrou-se eficaz com Bette. Seu estado mental angustiado poderia destruir seu desempenho, mas Wyler lhe ensinou, com grande paciência e habilidade, a usar as pressões que estava sofrendo para dar ênfase a sua interpretação. A seguir pode-se ver a atriz recebendo seu segundo prêmio da Academia.
Jezebel é um filme bastante parecido com E o vento levou... (1939) não por ser uma super produção, mas pelo seu enredo, seus tipos particulares. Na verdade, Bette foi uma forte candidata a interpretar o papel de Scarlett O’Hara. E cá pra nós, teria Bette desempenhado bem o papel da sulina impetuosa? É claro que sim, e a própria Davis esteve convencida de que teria triunfado neste papel. Muito embora a Vivien Leigh fosse excelente, tornou-se monótona e sua interpretação pouco satisfatória na segunda etapa do longa. Sem dúvida, Bette teria sido capaz de trazer maiores recursos de pensamento e emoção ao desenvolvimento da película. Entretanto, a temática do livro e de sua adaptação para o cinema, gira em torno do desejo sexual que Rhett Butler (Clark Gable) cultiva em torno de Scarlett O’Hara e a estratégia de O’Hara em negar qualquer tipo de relacionamento. Em outras palavras, Scarlett seria uma provocação como também um prêmio físico pelo qual muitos homens estariam dispostos a lutar. Assim, a despeito de todo o seu talento e atração, Bette Davis jamais poderia corresponder a essa descrição. E esse, foi o motivo por ela não estrelar na produção de E o vento levou..., que sem pestanejar, seria mais um grande momento em sua carreira.
Em The Letter (1940), vive Leslie Crosbie, uma assassina que de maneira alguma tenta ganhar a simpatia do público, o que seria impensável para muitas atrizes da época de Bette. Por mais que tenha elementos melodramáticos, o binômio, atuação de Bette e direção de Wyler, o elevou a um dos melhores desempenhos da atriz. No filme, ela se mostrou fria e implacável, o que lhe rendeu sua quinta indicação ao Oscar. Uma curiosidade. Há muito tempo, desde de Dark Victory, Bette tinha um relacionamento amoroso com Wyler. Nele, ela encontrou um ego ainda maior que o seu, e o seu caso amoroso entrou em colapso com o diretor. Um dia, após uma jornada estressante no estúdio, chegou em casa e viu uma carta de Wyler. Mas como estava muito furiosa com ele depois da última discussão não se deu o trabalho de abrir a correspondência. Uma semana depois, resolveu lê-la. Largou-a e começou a chorar. A carta dizia que se ela não concordasse imediatamente com o seu pedido de casamento, se casaria com outra mulher na quarta-feira seguinte. Bette leu a carta, justamente, na quarta-feira, e assim que a leu, ouviu no rádio que William Wyler e Margaret Tallichet se haviam casado naquela mesma manhã. Por conta disso, não compareceu durante alguns dias ao trabalho, e se recusou em receber qualquer pessoa. Percebeu que não abrir a carta foi um dos maiores erros da sua vida. Agora o gozado, é que pouco tempo depois disso, teve que filmar o filme que se chamou The Letter (A Carta – 1940), comentado acima, e que teve a direção de Willian Wyler. A seguir, pode-se ver o carinho e respeito compartilhado por ambos em um programa que homenageava Bette.
No filme The Little Foxes (1941) após várias brigas com Wyler, por conta da sua interpretação fria e ríspida em várias cenas, Bette cedeu as súplicas do diretor, e passou em algumas cenas a interpretar com um riso amargo, um enorme humor cruel. Aqui vive Regina Giddens, uma mulher sem escrúpulos, manipuladora, simulada, egocêntrica e egoísta. No mais, o filme mostrou-se uma obra importante. Visto hoje em dia, percebemos que o desempenho de Bette é atual. Ao remover todo o sentimento e suavidade de seu personagem, revela-se extremamente a frente do seu tempo. Neste caso, o calor e encanto desejados por Wyler seriam inadequados neste contexto. A história da película é a simbolização da cobiça americana através do viés feminino que distanciou o desejo de sexo em muitas mulheres deste país. As críticas sobre o filme foram diversas, mas não há dúvida que ela ganhou em estatura ao assumir a responsabilidade em fazer o filme. A película atualmente parece mais aceitável do que na época do seu lançamento onde o que reinava eram enredos românticos e sentimentais. O que importa é que por sua atuação neste longa, recebeu sua sexta indicação ao Oscar, sendo a sua quarta de maneira seguida. A seguir, pode-se ver a cena máxima do filme.
Na próxima sessão, trataremos dos outros filmes da atriz na Warner Bros. em sua fase final neste estúdio.
Para ver as outras partes: parte 1, parte 2, parte 4, parte 5, parte 6, parte 7
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