terça-feira, 6 de outubro de 2009

ALL ABOUT BETTE DAVIS - Parte II


OS PRIMEIROS ANOS NA WARNER BROTHERS E O SEU PRIMEIRO OSCAR

Foto 1 - Bette Davis no filme Bad Sister

Bad Sister (1931), foi o primeiro filme da sua carreira, e foi produzido pela Universal Studios. Entretanto, na época do lançamento da película, no começo de abril de 1931, o New York Times publicou a seguinte crítica: “A interpretação da Srta. Davis no papel de Laura é lúgubre demais e tende a destruir a simpatia que a plateia deveria sentir pela jovem.” Bette sabia disso, e como dito, não estava feliz com sua vida em Hollywood, nem com o elenco do longa. Por exemplo, em relação ao ator Humprey Bogart, que contracenava com ela, considerava-o mal-educado, mal-humorado, beberrão e tremendamente chato.

Bette Davis passou 18 anos na Warner Bros., e estrelou filmes de curto prazo e de baixo orçamento.

Cabin in the Cotton (1932), já na Warner Bros., interpretava uma garota sulista, linda, independente e manipuladora. Nesta película, deu sinais dos tipos de papéis que poderia fazer e onde se destacaria. Uma curiosidade desse filme é que foi dirigido pelo Michael Curtiz, “um húngaro brutal e selvagem que tratava todo mundo, inclusive Bette, por “seu vagabundo”. Nesse filme, em especial, a chamou de “imprestável filha da puta assexuada” e a obrigou a interpretar uma cena de amor diante das câmeras. O que Bette nunca falou é que com essa estratégia o diretor conseguiu que ela desempenhasse sua melhor performance do início da década de 1930. Segundo a crítica, com Madge, a tonta, egoísta, oxigenada e bela sulina, Bette criou um personagem completo, a um só tempo impiedoso, atrevido e patético. Veja o vídeo abaixo, e conheçam um pouco da Madge. Atenção para os segundos finais, onde ela diz que beijaria o rapaz, caso não tivesse lavado o cabelo.


Sobre as mulheres que interpretava falava sorrindo: “Sempre me perguntei por que gostava tanto de representar essas mulheres. São mais sedutoras do ponto de vista artístico. Além disso, você se diverte muito as representando. Conforme foi colecionado papéis desse porte foi se perguntando se elas não estariam em seu interior. Para essa pergunta, ela diz que nunca conseguiu encontrar uma resposta.”

Em Fashions of 1934 (1934) ela está irreconhecivelmente atraente. Sobre isso ela fala. “Era uma imitação perfeita da Srta. Garbo. Ridículo. Não fiz isso novamente. Estava ridícula. Não parecia com o que eu era. Você tem que ser fiel a você mesma. Eu era uma atriz, não uma garota glamourosa.

Foto 2 - Bette tocando harpa em Fashions of 1934

Of Human Bondage (1934) foi produzido pela RKO e ela interpretou uma garçonete, chamada Mildred, extremamente amarga e cruel, que zombava do aleijado, e jovem estudante de medicina, vivido por Leslie Howard. Que vale salientar não queria Bette no filme por considerá-la “uma ninguém”. Esse filme rendeu a primeira indicação de Bette ao Oscar. Na verdade, ela não foi indicada, e por conta dela, as regras do prêmio foram alteradas. A partir de então era possível votar numa atriz não relacionada na cédula de votação. Sobre o longa, eu achei extremamente cansativo e sem graça, claro que não é culpa da Miss Davis, ela está ótima para variar, mas do próprio enredo. Mas após completar um pouco mais de uma hora de filme, temos o ponto alto dele, com Bette sendo a protagonista da cena que vocês podem ver a seguir.


Em Dangerous (1935) interpretou uma alcoólatra e é nesse filme que seu selo característico fica mais visível. Casada na época com o seu primeiro marido, mas não satisfeita profissionalmente em uma de suas falas diz: “Uma atriz frustrada lê para um público reduzido.” A despeito de todas as suas falhas, Dangerous trouxe a Bette muita satisfação, e lhe valeu críticas bem favoráveis. Mesmo os críticos se mostrando severos quanto à natureza manufaturada da produção e seus diálogos e situações novelescas, elogiaram com justiça e entusiasmo, a profundidade e amplitude emocionais da interpretação principal. Após isso, não restou dúvidas que Bette seria uma das principais concorrentes ao Prêmio da Academia, em fevereiro de 1936. Dito e feito, por sua atuação em Dangerous recebeu seu primeiro Oscar. A propósito do filme, Bette revelou que o desprezava e não ficou envaidecida por ganhar o prêmio tendo em vista o seu desempenho no longa, em contrapartida, sabia que tinha chegado no topo e que agora precisaria lutar mais ainda para manter a posição conquistada. Uma curiosidade, uma das histórias que dão origem ao nome do Prêmio da Academia vem de Bette. Segundo ela, após recebê-lo, percebeu uma semelhança entre ele e o seu primeiro marido. Abaixo pode-se vê-la na entrega do Oscar de 1936.


Após 31 filmes e duas indicações ao Oscar, tendo levado um, ainda estava infeliz com seus papéis, o que a tornava insatisfeita. Assinou contrato com a Warner por mais cinco anos, isso representou segurança financeira, mas não poder de decisão. Ela resume a situação assim, “Roteiros ruins, diretores ruins.” Ela sabia que se continuasse com maus roteiros e diretores não alcançaria os seus objetivos.

No ano de 1936, resolveu ir embora da Warner e começar sua própria greve. O estúdio cortou o seu salário, a suspendeu e a processou. A disputa com o estúdio foi bastante cansativa e o julgamento pífio. Com um advogado não muito bom, e com poucos recursos financeiros, os advogados britânicos de Bette deveriam ter a aconselhado a voltar imediatamente para Hollywood e esquecer o assunto, visto que o seu contrato era estanque e não podia ser violado ou alterado. A única virtude para todo esse conflito é que ele chamou atenção para os métodos espoliativos e atitudes machistas reinantes na terra da indústria cinematográfica. Sob todos os aspectos foi uma ocasião desastrosa e não precisa nem dizer que ela perdeu. Entretanto, o seu futuro não era muito desanimador.

A Warner a reintegrou pagando os seus danos financeiros e a presenteou com um bom roteiro, um diretor esperto e um bom elenco. O filme, Marked Woman (1937). Jack Warner adorou Marked Woman, durante anos, foi um de seus filmes prediletos.

Em 1939, Bette chegou definitivamente ao topo da carreira. Fez cinco filmes em um ano, e todos foram um sucesso. Em Dark Victory (1939), contracenou com Ronald Reagan, além de encontrar uma amiga, Geraldine Fitzgerald. Sobre sua carreira fala: “Acho que nunca estive realmente satisfeita com meu trabalho.” Vitória amarga foi a interpretação mais convincente de seus filmes para ela. O filme e a atuação eram boas. Com o longa, obteve as melhores críticas da carreira e sua quarta indicação ao Oscar. Entretanto, na sua vida particular, acabava de se divorciar do seu primeiro marido.

Foto 3 - Miss Davis em Dark Victory como Judith Traherne

Bette era totalmente diferente das mulheres afetadas e artificiais que reinavam em Hollywood. Era “humana”, abrasivamente franca e exaustivamente incansável. Apreciava o talento e sabia identificar ou denunciar prontamente a estupidez e mediocridade dos outros. Se uma jovem coadjuvante encontrava dificuldades em suas falas, Bette a auxiliava. Contudo, se percebesse incompetência por parte de um colega, demonstrava antipatia e má vontade. Era grande admiradora de sua amiga Jean Harlow, adorava Gable e Katharine Hepburn e idolatrava Garbo. Era fã incondicional do cinema e lamentava não ter o luxo dos astros da MGM, cujos filmes eram produzidos sob medida e com um cuidado fanático.

Antes mesmo de Dark Victory, Bette Davis já havia conhecido o diretor William Wyler, e em 1938, já havia gravado Jezebel. Mas por escolha minha, quero deixar a fase Wyler na carreira de Bette para a próxima seção. Amanhã, veremos a opinião dela em relação a Wyler, o seu segundo Oscar e sua saída da Warner Bros..

Para ver as outras partes: parte 1, parte 3, parte 4, parte 5, parte 6, parte 7

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